Após lançar o novo EP "Implacável", o Henrique Baptista da Sea Smile conversou com a LIT sobre a entrada do novo vocalista na banda, o Dan Lima, além de contar também um pouco sobre o processo criativo do novo trabalho e sobre as influências da banda.
Fundada em 2010, a Sea Smile é atualmente composta por Henrique Baptista (Guitarrista/Vocalista), Dan Lima (Vocalista), Rafael Lobo (Baixista/Vocalista) e Guilherme Souza (Baterista) e conta com 5 trabalhos em estúdio, sendo eles 4 EPs e 1 álbum. Dentre os trabalhos da banda se destacam o EP "Changes", lançado em 2019, que contou com composições em inglês e com a participação do Ryan Kirby, vocalista da banda norte-americana Fit For A King na faixa "Effects" e também o seu trabalho mais recente, o EP "Implacável" que mostra a Sea Smile retornando ao português com ainda mais maturidade e peso na sua nova fase.
Antes de qualquer coisa gostaríamos de dizer que estamos muito felizes e honrados pela oportunidade e gostaríamos de agradecer a confiança que a banda depositou em nós e também ao apoio de todos vocês!
Mas agora vamos ao que importa, esperamos que vocês gostem da entrevista!
Respondido por Henrique Baptista (Vocalista/Guitarrista):
LIT: A banda começou em 2010, certo? Como começou e quais foram as maiores influências de vocês pra solidificar um som próprio e autoral? Henrique Baptista: A banda começou em 2010 sim, e no começo acho que a meta seria fazer algo mais relacionado com o post-hardcore de bandas como Our Last Night e Sienna Skies que já eram uma referência na época, mas o nosso lado "metaleiro" foi falando mais alto conforme fomos criando as músicas e acabamos mirando inicialmente para bandas como As I Lay Dying, The Devil Wears Prada e etc… Mas desde sempre a idéia é se atualizar e tentar trazer novidades sem perder a essência/sonoridade/mood da banda.
LIT: Vocês já tiveram a oportunidade de tocar ao lado de bandas como We Came As Romans e Bullet For My Valentine, como foram essas experiências? Como vocês se sentem com toda essa visibilidade recebida, principalmente se tratando de shows com grandes bandas internacionais?
Henrique: Acho que pra bandas do nosso underground, tocar com bandas que são referências para nós é sempre uma meta a ser atingida. Olhamos essas bandas como modelo artístico ou de business a todo momento e quando você está na posição de igual pra igual, é realmente surreal. Fomos sempre muito bem tratados tanto pelas bandas, quanto pela produção desses shows (Liberation MC no caso do WCAR e BFMV), que admiramos e respeitamos muito. Muita gente nos conheceu a partir desses shows, então foi uma ótima oportunidade de apresentar quem era a Sea Smile para um fã que já gosta do estilo, mas não conhecia a banda.
LIT: Em 2019 a banda lançou o EP “Changes”, como surgiu a idéia de gravar um trabalho totalmente em inglês? Como foi a recepção do público comparando com os trabalhos anteriores da banda e como acham que essa mudança pode ter influenciado quem acompanha o trabalho da banda desde o começo?
Henrique: O "Changes" veio pra realmente tentarmos algo novo, alcançar novos lugares. Claro que uma banda brasileira com apenas um EP não vai conseguir turnês mundiais e tudo isso, mas a ideia era expandir pra fora e melhorar nossos números internacionalmente. Com esse trabalho, conseguimos ter tanto essa melhora que procuramos, como também tivemos pela primeira vez um retorno financeiro expressivo pela nossa música ter sido ouvida por muito mais gente ao mesmo tempo. Entendemos que o público BR não abraçou muito a ideia, pois com certeza atrapalha um pouco na transmissão da mensagem, mesmo com algumas pessoas preferindo a mudança. Mas fizemos isso sem medo de experimentar, como muitos outros projetos. Se de um lado podemos não ter recebido total apoio de quem já nos acompanha, do outro, com certeza valeu muito a pena pra banda.
LIT: Ainda sobre o EP “Changes”, a música “Effects” contou com a participação especial do Ryan Kirby, vocalista da banda Fit For A King, como foi o processo criativo dessa faixa? Como surgiu essa oportunidade de trabalhar com o Ryan? Henrique: A idéia de fazer uma participação especial partiu de mim e do Rafael Lobo, onde numa conversa muito casual, em um Mcdonald's (risos) elencamos possíveis nomes que acharíamos legal ter em uma música nossa. De todos que entramos em contato, quem foi mais atencioso e proativo em relação ao projeto, foi o Ryan Kirby, ele realmente é uma ótima pessoa e somos muito satisfeitos com a participação dele, desde a criação das métricas e letras, até no videoclipe que ele topou de primeira.
LIT: A banda recentemente anunciou o seu novo EP “Implacável”, como foi o processo de composição desse trabalho? Como a entrada do novo vocalista influenciou o processo criativo do EP?
Henrique: Implacável veio de um momento que nos encontrávamos um pouco perdidos em relação ao futuro da banda, pois trocar de vocalista mais uma vez não é uma coisa simples. Não dá pra explicar o que sentimos quando fazemos shows, criamos músicas ou simplesmente ensaiamos, parece que é uma válvula de escape e não podia acabar ali. Foi quando decidimos convidar o Dan Lima para entrar nos vocais, fizemos alguns ensaios, tudo rolou muito bem e aquela chama reacendeu com força novamente. Simultaneamente com a entrada dele, eu já fui consolidando as primeiras ideias e compartilhando com os caras que já foram trazendo feedback e aos poucos foi tomando a forma das músicas que foram lançadas. O Dan trouxe muita coisa legal em questão dos vocais e letras, pois ele já tinha experiência com outras bandas antes da Sea Smile e foi uma soma de força bem legal.
LIT: Como vocês decidiram que o EP “Implacável” deveria ser em português, ao invés de continuar escrevendo em inglês como em “Changes”?
Henrique: Era momento de apresentar um novo vocal, novas idéias, então em português seria mais fácil dos ouvintes entenderem quem é o Dan, o que queremos dizer com essa nova mensagem, nesse novo momento.
LIT: Como a banda enxerga a cena local atualmente? Acham que falta alguma coisa para que a cena cresça? Como vocês acham que essa cena impacta a mídia e as pessoas?
Henrique: Infelizmente a cena em si vem de constantes declínios, desde bandas expressivas acabando, público não se renovando a casas de shows fechando. Acredito que as vezes falta um pouco de apoio daqueles que já fazem parte do cenário mas também falta um pouco das bandas conseguirem alcançar aquelas pessoas que gostam do rock, rock mais pesado, mas não sabem ou não entendem que existe um movimento underground. Como o público por si só não se renova, pode ser que seja papel das bandas alcançar mais gente. Acho que nessa resposta, dá pra entender o porque a Sea Smile não tem medo de experimentar coisas novas, seja cantar em inglês ou até fazer covers; o certo é alcançar mais gente.
LIT: Marcas como a Brutal Kill têm apoiado diversas bandas e eventos do underground nacional, como vocês acham que marcas assim movimentam e influenciam a cena nacional?
Henrique: Com toda a certeza. Desde o dia um, o apoio da Brutal Kill revigorou muito o espírito da banda. Tem gente que só conhece a marca, e ver que ela tem ligação direta com artistas do rock pesado, pode criar o interesse, já que o mood da marca traz peso e atitude, coisa que o metal/metalcore/hardcore e afins tem de sobra.
LIT: Como acham que a pandemia do COVID-19 pode afetar a cena musical daqui pra frente?
Henrique: Imagino que os cenários possam ser dois: Ou as pessoas vão sentir muita falta desse contato físico, de poder estar nos shows, poder ver as bandas que elas gostam e talvez valorizar um pouco mais algo que elas já tinham, ou trazer um desânimo por completo da parte do público, algo que já vinha rolando. Nós como banda estamos tentando manter a chama acesa do público para colher esses possíveis frutos assim que as coisas normalizarem.
LIT: Obrigado pela entrevista, tem algo que vocês querem dizer pra toda a galera que acompanha o trabalho de vocês?
Henrique: Agradecer a todos que de alguma forma contribuem para o crescimento da banda, seja ouvindo nas plataformas, assistindo nossos clipes e compartilhando com os amigos, comprando merchs e comparecendo aos shows (quando possível). Nós como praticamente todas as outras bandas, fazemos as coisas de forma independente, então todo apoio conta. Apoie as bandas que você gosta e tente apresentar pra mais gente e não esperem as bandas acabarem para se tornarem nostalgia. A troca é uma via de mão dupla; pessoas que criam conteúdo e pessoas que consomem conteúdo, se isso de alguma forma não estiver sendo recíproco, provavelmente não vai dar certo. Vamos lutando e nos mantendo de pé. Valeu!
Siga SEA SMILE:
Facebook: https://www.facebook.com/SeaSmileRock/
Twitter: https://twitter.com/SeaSmileRock
Instagram: https://www.instagram.com/seasmilerock/
YouTube: https://www.youtube.com/seasmilerock
Loja Virtual: http://seasmilemerch.iluria.com/
Comments