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Foto do escritorBruno Ariel

ENTREVISTA: MANUAL

Atualizado: 14 de out. de 2018


Foto por: Dayane Mello - Fotografia

Essa semana nós tivemos a oportunidade de conversar com a banda MANUAL, uma das bandas que mais vem ganhando atenção na cena underground nacional. Batemos um papo muito legal com o Nando, vocalista e guitarrista da banda, sobre a cena local, influências, experiências e muito mais!


A MANUAL é uma banda de Rock/Hardcore de São Paulo fundada em 2013 e atualmente composta por Nando Melo (Vocal/Guitarra), Sid Junior (Vocal/Guitarra), Fabio Capelo (Baixo) e Cauê Menezes (Bateria). A banda atualmente conta com 2 álbuns e 1 EP na sua discografia, sendo “Uno/Múltiplo (ou I/X)” o trabalho mais recente da banda, lançado em 2017 pela Together Records. Além da turnê ao lado da SLAVES, MANUAL também já se apresentou ao lado da banda Boom Boom Kid.


Antes de qualquer coisa gostaríamos de dizer que estamos muito felizes e honrados pela oportunidade e gostaríamos de agradecer a confiança que a banda depositou em nós e também ao apoio de todos vocês!


Mas agora vamos ao que importa, esperamos que vocês gostem da entrevista!

Respondido por Nando Melo (Vocalista e Guitarrista):


We Are Fearless: Como a banda começou? Quais foram as maiores influências de vocês para solidificar um som autoral?

Nando Melo: Em 2013, a banda foi formada pelo Tyello Silva junto com o Cauê que depois convidaram as feras Mario Pina e Adriano Parussulo, além do Raphael Martins, posteriormente. Eles gravaram o instrumental do primeiro EP e me convidaram pra adicionar as vozes. Eram outros tempos, outra forma de pensar, outras influências. E por falar em influências, acho que os nomes que mais citávamos na época eram, sem pensar muito, Strike Anywhere, Hüsker Dü, Descendents, Hot Water Music, tudo muito mais punk rock…


WAF: No ano passado a banda lançou o álbum “Uno/Múltiplo”, como foi o processo de composição e gravação do álbum? Na hora de compor, vocês preferem se reinventar e mudar para extremos ou conduzir a banda num ritmo de “fases”? Como esse álbum é diferente dos trabalhos anteriores da banda?

Nando: Em 2015, depois da Melodic Attack Tour que dividimos com Pense e Same Flann Choice, divulgando nosso primeiro full chamado ®Existo, gravado pelo Vinicius Buchecha (um dos caras mais legais, sensatos e talentosos que já conheci) lá no Rock Together, a rapaziada das cordas preferiu parar. Resolvi, então, assumir uma das guitarras e esse disco começou a nascer alí, com o Tyello e eu desenvolvendo o esqueleto de alguns sons.


Mas aí surgiu a oportunidade de ele voltar pro Dance of Days e assim preferiu. O Sid, que já tinha assumido o baixo, acabou tomando a frente de produção comigo e acabou sendo natural que ele fosse pra guitarra/voz e depois convidamos o Fabio que encaixou perfeitamente no time. Escrevendo assim, parece que foi simples, mas não foi! O processo de composição, produção e gravação do I/X (Uno/Múltiplo) demorou quase 2 anos, mas foi, sem dúvida, a minha maior experiência musical. Não fazíamos nada sem a aprovação de todos e o disco foi praticamente todo feito em estúdio, ensaiando, testando, cada um do seu jeito. Na verdade, esse é um dos fatores mais incríveis de se estar nessa banda.


Esses rapazes são muito talentosos e tem ideias muito afiadas, com raríssimos momentos de farpa. Estamos sempre abertos a novas influências e sem dúvida nossa convivência quase diária coopera muito com isso, pois estamos constantemente nos apresentando novidades e clássicos… Logo foi natural que a sonoridade mudasse, apesar de o “espírito” ser o mesmo. É impossível não citar, também, as feras Fernando Uehara e Danilo Souza, guitarristas do Bullet Bane e donos do TOTH Estudio que foram fundamentais, tanto no processo de gravação, tanto quanto na buena onda de se estar fazendo o que gosta, cercado de pessoas que você ama e apertando o REC no final. Nesse disco, você vai encontrar Dead Fish, Basement, Superheaven, Thrice, Alexisonfire, Alice in Chains, Foo Fighters, Silverchair e muitas outras influências que provavelmente se manterão em trabalhos futuros… Ou não! Haha


WAF: Após 1 ano do lançamento do “Uno/Múltiplo”, o que podemos esperar da banda daqui pra frente? Alguma novidade para esse ano? Nando: Pra esse ano, ainda devem rolar mais alguns vídeos do I/X e já gravamos um single com participação do Prof. Rodrigo Lima do Dead Fish (vou explicar melhor, logo mais). Além disso, a gente deve começar um novo disco/ep/vinil/digital em breve.



WAF: Em 2013 a banda tocou ao lado da banda Boom Boom Kid, como vocês sentem em relação a essa experiência? Como vocês se sentem de agora também terem tido a oportunidade de fazer uma turnê com uma banda como a Slaves, que tem sido influência pra tanta gente? Como acham que uma turnê como essa pode influenciar a banda daqui pra frente, tanto musicalmente quanto sobre como a banda é vista?

Nando: Cara, fico muito feliz com o quanto pude aprender ao longo desses anos. Essas experiências com os gringos são sempre uma aula de comprometimento, qualidade e seriedade. É impressionante a forma com que eles encaram seu trabalho e a música em si. Tive a chance de tocar com várias bandas internacionais e ao mesmo tempo em que choca, motiva, pois você vê que são pessoas normais como todos nós, mas que se dedicaram muito, MUITO e independente do estilo, merecem respeito mesmo com os tropeços. A gente tenta sempre absorver o positivo e sem dúvida somos uma banda melhor a cada oportunidade. Posso citar, por exemplo, a aula que foi conviver com o pessoal/equipe da Tree Produtora nesses dias de tour com o Slaves… Somos eternamente gratos pelo carinho!


WAF: Desde o lançamento do primeiro EP “Manual” em 2013, qual foi a maior mudança no som da banda? Como acham que essas mudanças podem ter influenciado a cena e o público que acompanha a banda? Como tem sido a resposta do público em relação aos trabalhos mais recentes da banda?

Nando: Eu não tenho certeza se isso é reflexo da mudança de sonoridade ou é apenas efeito do tempo de divulgação, mas pude sentir que a banda cresceu bastante de um ano pra cá. Mas posso dizer uma verdade? A mudança foi natural então realmente não ligo se algumas pessoas gostam mais ou menos das fases. Tudo foi feito com o máximo de nossos corações ali nos microfones, de maneiras completamente diferentes, sim, mas foram sinceras e tenho muito orgulho de tudo… Espero apenas que as pessoas entendam que, pra nós, fazer música é terapia. Ela nos salva um pouco todo dia. Então, independente do resultado, vamos sempre tratar o apoio que recebemos das pessoas que se identificam conosco como sendo o principal.


WAF: Como a banda enxerga a cena gringa atualmente? E como a banda enxerga a cena local? Vocês acham que falta alguma coisa para que a cena local cresça da mesma forma que a cena gringa em termos midiáticos?

Nando: Na minha humilde opinião, os “termos midiáticos” é que são o problema… Ouço bandas tão boas ou melhores que algumas das que já foram consideradas grandes e as gravações estão cada vez mais profissionais, mas o retorno financeiro sempre será desafiador quando você se distancia do popularesco. Então o que sinto falta mesmo é de pessoas mais jovens e da energia que elas trazem. Talvez o movimento tenha se “gourmetizado” demais e nos acostumamos a achar que estrutura e palcão são o caminho, sendo que na realidade a base do nosso movimento é o cara a cara. Se a mídia vai ou não se voltar pra isso não deveria importar tanto, afinal, com a Internet, todas as bandas do mundo cabem em nossos bolsos… E pensando bem, talvez isso atrapalhe… É complexo! Mas uma coisa é fato: o underground deve ser um espaço disponível para TODOS, sem julgamentos demais, sem pose demais, sem rótulos e no fim das contas, o que importa é que sejamos sempre catárticos, explosivos e saiamos com aquela sensação de que estamos prontos pra continuar a guerra do dia a dia lá na superfície. Não existe fórmula. Vamos nos divertir a cada acorde!

Foto por: Bruno Ariel - Fotografia

WAF: Qual foi a maior conquista da banda até agora? Qual a melhor parte sobre se estar em uma banda? E qual é a parte mais difícil sobre estar em uma banda?

Nando: Difícil citar uma conquista específica, já aconteceu tanta coisa legal nesses últimos anos… Coisas que eu nunca imaginaria e sempre com ajuda de muita gente incrível. Na verdade, pensando bem, a maior conquista pra mim, foi ter me aproximado dos meus companheiros. E isso já responde também a segunda pergunta. Sempre digo que a gente se encontra mais vezes por motivos “não-banda” do que o inverso. Irmãos mesmo! Dividir os perrengues, cuidar, comemorar (às vezes até mais do que o recomendado haha) e principalmente evoluir. Amo esses caras! Mesmo que sejamos tão diferentes entre nós, tudo funciona muito bem e tenho orgulho de dividir a estrada com eles… E sobre a parte difícil, a realidade de uma banda underground é dura, principalmente na questão financeira. Muita gente não faz nem ideia da complexidade e da dedicação necessária pra que os trabalhos simplesmente existam e muitas bandas boas acabam justamente por isso. E é exatamente o que combinamos entre nós: só faz sentido se for compartilhado e o que importa é o caminho e não o topo. Meio “Into The Wild”, né? haha


WAF: Têm algum músico ou banda que vocês gostariam de fazer uma parceria musical, nacional ou internacional? (Exemplo: Sea Smile com Ryan Kirby do Fit For a King)

Nando: Acabamos de divulgar a data de lançamento do nosso single colab com o Rodrigo do Dead Fish (10/09/18). E chamo de colab porque foi muito legal da parte dele ter se envolvido tanto no processo. Compôs letra, foi em ensaio, se preocupou, topou participar do clipe, etc. Parece puxação de saco, mas não é. O DF tem definido há anos que o teto do rolê underground é muito mais alto do que jamais imaginaríamos e eu desafio qualquer um de nós a negar que fomos influenciados pelo trabalho desses caras. Então ter a chance de trabalhar, trocar ideias cotidianas e aprender com essa fera é DE-MAIS. Ao mestre com carinho! Haha

Acho muito interessante uma banda sair de sua “zona de conforto” e topar colabs. Um fator externo ao que você já tem sob controle é adicionado e te desafia como músico a ser melhor, evoluir nas composições e ser capaz de se adaptar. Se eu pudesse escolher, gostaria de trabalhar com todos os meus amigos músicos em algum momento. Mas pessoas que façam real sentido, como foi com o Lucas do Pense no (R)Existo, com os Same Flann Choice (gravei backing vocals e participei do último disco dos caras) e como tem sido com o Uehara e o Dan do Bullet Bane, entre outros.



WAF: Qual foi seu show favorito até agora e por quê? E qual é a sua música favorita de tocar ao vivo?

Nando: Nossa… Impossível te responder essa. Como disse alí em cima, ter a oportunidade de fazer parte de “música ao vivo”, pra mim, é uma PUTA VIAGEM e minha terapia, então todo show é demais e agradeço à vida!

Ah… Miopia tem um espaço maior no meu coração porque ela foi o pontapé de tudo isso que de legal que tem acontecido conosco nessa nova fase, além de ser uma música muito legal de se tocar e sempre funciona muito bem nos shows.

WAF: Obrigado pela entrevista, tem algo que vocês querem dizer pra toda a galera que acompanha o trabalho de vocês?

Nando: Eu que agradeço o carinho e respeito de todo mundo, assim como essa entrevista e parabéns pelo ótimo trabalho que vocês têm feito de forma nada rasa.

Get mad, you sons of bitches! A gente tá tendo cabrestos demaaais! Haha


Foto por: Bruno Ariel - Fotografia

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