Prestes a completar 10 anos de carreira, o grupo paulistano John Wayne conversou com a gente sobre a história da banda, sobre o processo criativo do novo álbum "Purgatório", cena local e muito mais!
A John Wayne foi fundada em 2009 em Perus, São Paulo e é atualmente composta por Guilherme Chaves (Vocal), Rogerio Torres (Guitarra/Vocal), Junior Dias (Guitarra), Denis Dallago (Baixo/Vocal) e Edu Garcia (Bateria). O grupo atualmente possui em sua discografia um EP e dois álbuns, além de diversos singles e clipes lançados.
Atualmente a banda trabalha na divulgação da campanha de financiamento coletivo para a produção do seu 3º álbum, o "Purgatório" que contará com 10 faixas inéditas e será o primeiro trabalho a ser lançado com a nova formação, que inclui agora o novo vocalista Guilherme Chaves (Cruzando 7 Céus). Você pode apoiar o projeto e conferir todas as recompensas disponíveis em: https://www.catarse.me/purgatorio
A banda também já marcou data para o show comemorativo de 10 anos de carreira e de lançamento do álbum. O evento acontecerá em São Paulo, no dia 17 de Novembro e contará com a presença das bandas Human Kraken, Fim da Aurora, A Última Theoria e Aurora Rules como convidados especiais. Confira todos os detalhes sobre o evento no fim do post!
Mas agora vamos ao que importa, gostaríamos de dizer que estamos muito felizes e honrados pela oportunidade e gostaríamos de agradecer a confiança que a banda depositou em nós e também ao apoio de todos vocês. Esperamos que vocês gostem da entrevista!
Respondido por Rogerio Torres (Guitarrista):
1 – Como a John Wayne começou? Quais foram as maiores influências de vocês para solidificar um som próprio e autoral?
Rogerio Torres: A banda iniciou os trabalhos em meados do ano de 2009, na época, com outro nome, “The First Hero Terrorist”. As principais influências na época foram, Suicide Silence, As I Lay Dying, Killswitch Engage, August Burns Red. Quando entrei na banda, em janeiro de 2010, começamos a trabalhar nas músicas de fato, eu já vinha de outra escola, sempre curti metal tradicional, metal melódico e essas influências diferentes somadas com a dos caras vieram a moldar o que somos hoje.
2 – Qual foi a primeira experiência da banda nos palcos? Desde então, qual foi seu show favorito até agora e por quê? E qual é a sua música favorita para tocar ao vivo?
Rogerio: Nosso primeiro show foi em março de 2011 no Rancho em Guarulhos. Claytão, dono da produtora Mandrack foi o primeiro cara a nos dar uma oportunidade e seremos eternamente gratos a ele por abrir as portas para nós.
Fizemos muitos shows importantes, mas seria uma heresia não citar o Rock in Rio.
Eu, como compositor, amo todas as músicas, mas confesso que existem algumas que são especiais. Atualmente, uma que tenho gostado mais de tocar é a “Vida”.
3 – Em 2019 a banda completa 10 anos de carreira, quais foram os maiores desafios da banda? E quais foram as maiores conquistas?
Rogerio: Nós somos sobreviventes, essa é a real. Ser uma banda de metal independente no Brasil é uma tarefa quase que desumana. Não rola muito apoio, quase não há espaço em mídias tradicionais, tudo no Brasil é caro, tanto na parte dos instrumentos, como na parte de transporte para fazer as turnês. Enfim, as dificuldades são inúmeras. Mas estamos de pé, mostrando que sim, é possível manter uma banda girando por 10 anos, sempre lançando material, inovando, trazendo coisa nova e de qualidade.
Acredito que a maior conquista de uma banda é ter público. Sem isso, não adianta nada. Nós somos muito gratos por termos fãs fiéis, que sempre estão do nosso lado, nos ajudando da forma que podem, indo aos shows, comprando merch, etc. Somos muito gratos por termos essa galera, somos família de verdade.
4 – Desde o lançamento do primeiro EP em 2011, qual foi a maior mudança na sonoridade da banda? Como tem sido a resposta do público em relação aos trabalhos mais recentes da banda? Como acham que essas mudanças podem ter influenciado a cena nacional e o público que acompanha a banda desde o começo?
Rogerio: Acho que toda banda passa por mudanças de sonoridade. Isso é devido ao amadurecimento musical dos integrantes. Não dá para dizer que nós somos exatamente os mesmos caras da época do EP 2011. Não somos. Ouvimos outras coisas também. Mas de certa forma, nós temos acompanhado a evolução do mercado, estamos sempre antenados no que as bandas gringas estão fazendo, então, nosso som meio que vai acompanhando essa evolução, afinal, nós somos muito influenciados pela cena internacional, nunca negamos isso, então a galera sempre aceitou bem nossas mudanças. Do “Tempestade” para o “Dois Lados – Parte I” já foi uma mudança brusca e mesmo assim nossa base de fãs só aumentou de lá para cá. Isso é gratificante demais.
Como somos uma banda mais velha, de certa forma acabamos influenciando a galera mais nova que está começando, assim como nós lá em 2009 éramos influenciados pelas bandas que estavam movimentando, como o Envydust, Glória, Dilúvio, Fim do Silêncio, etc.
4 – Em 2015 vocês lançaram o álbum “Dois Lados – Parte I”, inspirado na obra “A Divina Comédia” do Dante Alighieri. Em 2019, a banda decidiu que ao invés de apenas 2 partes (Inferno e Paraíso), o projeto seria uma trilogia, incluindo também o “Purgatório”, titulo do novo álbum. Como surgiu a idéia para a campanha de financiamento coletivo para produzir o álbum?
Rogerio: Muito legal a forma que esse projeto tomou forma. Nós realmente temos muita sorte e ótimas inspirações. A obra de Dante, na verdade é sim uma trilogia, mas a galera quase não conhece o purgatório, pois sempre chama mais atenção o Inferno e o Paraíso. Nós iríamos, a princípio, abordar somente as duas. Mas a ideia de fazer um EP intermediário surgiu, até para consolidar a nova formação com Guilherme Chaves nos vocais. No meio do processo criativo, o que era para ser 4 músicas, viraram 10. Aí nós decidimos que seria um full álbum.
Uma banda underground, se conseguir se sustentar sem tirar dinheiro do bolso dos integrantes, já é uma vitória enorme. Mas, nós, como várias outras bandas da cena, estávamos sem grana para investir em um novo álbum, que praticamente já estava todo encaminhado. Decidimos fazer o crowdfundig para ajudar nas despesas do disco e fazer um material de qualidade ímpar e como sempre, os nossos fãs estão super dentro da parada. Nesse momento a campanha já está com 74% da meta atingida e ainda falta quase um mês para terminar. Isso sim é vitória, estamos muito felizes com a recepção de todos com a campanha.
5 – Ainda sobre “Purgatório”, como foi o processo criativo do álbum? Como a entrada do vocalista Guilherme Chaves na banda influenciou durante a pré-produção?
Rogerio: Nós estávamos há 4 anos sem lançar um disco completo. Estávamos com sede disso. Eu tenho um home estúdio em casa e comecei a criar alguns riffs em janeiro desse ano. Depois disso, o Júnior e o Denis começaram a irem para a minha casa algumas vezes na semana para criarmos coisas novas. Nesse ritmo, em 2 meses, o disco estava pronto, toda a parte instrumental. A inspiração e a química da banda estão realmente em seu ápice.
Edu gravou a bateria no final de março e depois disso começou o processo de escrita das letras. Muita pesquisa e estudo. Esse é o nosso disco mais conceitual e completo, liricamente falando.
O Gui é um cara surreal. A pré-produção dos vocais no meu home studio durou, acho que 2 ou 3 dias. Ele só precisou disso para criarmos todas as métricas, linhas melódicas e deixar tudo bonito para a gravação final.
Vale ressaltar que nesse disco tem 2 letras escritas pelo Gui, algo inédito na banda, pois até hoje, na John Wayne, 100% das letras foram escritas por mim. Agora ganhei um parceiro de caneta.
6 – Um dos maiores sucessos da banda é o single “Aliança”, que foi lançado em 2012 com participações de Bruno Figueiredo e Rodrigo Brandão. No final de 2018, a banda lançou o single “Aliança Parte II” com Yuri Lemes e Milton Aguiar, como surgiu a idéia para criar singles como esses com participações especiais?
Rogerio: Em 2011, “Aliança” surgiu como uma forma de unir as massas mesmo. Tipo, a galera do hardcore, do metal e do “emo”. Víamos 3 cenas com alto potencial, mas que não se falavam, era meio cada um no seu canto. Isso tá errado. Acreditamos na união. Sempre foi assim. A coisa foi tão sincera e tão natural, que a música se tornou um hino no underground, talvez, ela seja o nosso maior sucesso até hoje.
Acho que desde 2013 nós especulávamos fazer uma parte 2, mas nunca saiu do papel essa ideia. Quando o Gui entrou na banda estávamos com o rascunho de um som já encaminhado. Achamos que era o momento certo de fazer, sei lá, só sentimos isso e acreditamos na intuição.
Eu, particularmente, sempre sonhei em gravar um som com o Yuri Lemes, ele para mim é um dos melhores vocalistas do Brasil, sem medo de errar. Seguindo a ideia da “Aliança”, teríamos que ter um vocal da cena mais melódica e um do hardcore, aí surgiu o nome do Milton. Chamamos os dois e eles toparam na mesma hora. A música estava tão boa, com uma energia tão incrível, que não tinha como dar errado, eu podia sentir isso. Foi sensacional. Esse som também já caiu no gosto da galera e temos que tocar em todos os shows.
7 – A banda já teve a oportunidade de tocar ao lado de bandas como o Meshuggah, além de também já ter dividido palco com Deftones, Lamb of God, Halestorm e System of a Down no Rock in Rio em 2015, como foi a experiência? Como vocês se sentem com toda essa visibilidade recebida, principalmente se tratando de shows e grandes festivais com bandas internacionais?
Rogerio: Somos gratos por toda confiança depositada no nosso trabalho, seja pelos fãs, contratantes, produtoras, amigos, etc. Sempre almejamos chegar longe, mas nunca poderíamos imaginar um dia tocar ao lado de toda essa galera, bandas que somos fãs desde sempre. Somos muito felizes como banda e podemos dizer que muitos dos nossos sonhos como músicos foram realizados, mas ainda temos muita lenha para queimar e muita estrada pela frente.
8 – Como a banda enxerga a cena local atualmente? Como vocês acham que essa cena impacta a mídia e as pessoas?
Rogerio: Não dá para negar que o público nos shows é menor hoje em dia. Quando começamos a tocar era muito diferente, mas os tempos são outros. Hoje temos que concorrer com muitos atrativos, como Netflix, Youtube, Playstation4, etc, coisas que 10 anos atrás não existiam. A comodidade da galera poder ficar em casa de boa, vendo o show da sua banda favorita na internet, sem ter que pegar ônibus, pagar ingresso, etc, muda muito a situação.
Tem o lance de a galera mudar de gosto também. De repente aquele cara que curtia Metalcore 10 anos atrás, hoje curte outra parada. Mas não é só isso, a economia em baia também influencia. A galera não tem grana para sair de casa, pagar R$30,00 para ir no show e tudo mais, bem complicado mesmo.
Nós ouvimos quase que diariamente depoimentos de pessoas que tiveram mudanças em suas vidas através do nosso som, da nossa mensagem. Eu fico muito feliz em saber que algo que eu escrevi pode livrar alguém de uma depressão ou até de um suicídio. Isso é sério, já ouvi muitos relatos assim. Se nossa música está fazendo bem para alguém, quer dizer que estamos no caminho certo.
9 – Marcas como a Brutal Kill têm apoiado diversas bandas e eventos do underground nacional, como vocês acham que marcas assim movimentam e influenciam a cena nacional?
Rogerio: A Brutal Kill em específico é uma marca que surgiu no hardcore underground, a ideologia dos caras é diferenciada. Isso atrai a galera. Os fãs de metal/hardcore usam os panos deles, porque se identificam com a mensagem deles, além de as roupas serem fodas também fato inquestionável.
Essa cena no geral tem pouco apoio e a Brutal é uma das poucas marcas que estão conosco desde o começo. A ajuda que eles nos dão é surreal, vai além de uma camiseta ou um boné. É irmandade mesmo.
10 – Obrigado pela entrevista, tem algo que vocês querem dizer pra toda a galera que acompanha o trabalho de vocês?
Rogéeio: Nós que agradecemos o espaço. Quero agradecer em nome da banda todo o apoio que temos recebido na campanha de financiamento coletivo do álbum “Purgatório”, quem ainda não viu ou não sabe do que se trata, vou deixar o link para vocês acessarem e saberem mais.
No mais, o disco está quase pronto e dentro de aproximadamente um mês, vocês vão poder conferir alguma pitada do que vem por aí.
Grande abraço a todos!
Fabrique Club apresenta:
Show de lançamento do álbum “Purgatório” e comemoração dos 10 anos de carreira da banda John Wayne.
Dia 17 de novembro de 2019, após 4 anos desde o lançamento do seu último trabalho de estúdio, “Dois Lados – Parte I”, o grupo paulistano de Metal/Hardcore apresenta o seu mais novo disco, o “Purgatório” - segunda parte da trilogia dantesca. Essa data também marca o aniversário de 10 anos de carreira do quinteto de Perus e nada melhor do que uma festa à altura para comemorar.
O evento ocorrerá no Fabrique Club em São Paulo e contará com as bandas Human Kraken, Fim da Aurora, A Última Theoria e Aurora Rules como convidados especiais. Não perca a chance de ver esse show histórico e cheio de surpresas!
INFORMAÇÕES GERAIS: Show de lançamento do álbum “Purgatório” - John Wayne: https://www.facebook.com/events/396874194354594/
Local: Fabrique Club: Rua Barra Funda, 1071, São Paulo/SP
Data: 17 de novembro de 2019 (domingo)
Abertura da casa: 16:00
Ingressos: https://bit.ly/2kswYgZ
- Antecipados promocionais - apenas 100 unidades: R$25,00 + taxa (promocional/meia-entrada)
- Antecipados lote único: R$30,00 + taxa (promocional/meia-entrada)
- Porta: R$40,00
Venda física: Loja 255 (Galeria do Rock)
Realização: John Wayne & Fabrique Club
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