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Foto do escritorBruno Ariel

ENTREVISTA: CEFA


Após anunciar o lançamento do seu segundo álbum de estúdio intitulado de "Caos", Caio Weber da banda Cefa conversou com a LIT e contou um pouco sobre a história da banda, sobre o processo criativo do novo álbum, sobre a cena nacional e muito mais.


Após diversas mudanças na formação e sonoridade desde sua concepção em 2012, a banda é atualmente composta por Caio Weber e Gabe Oliveira e passeia entre várias vertentes musicais com shows sempre viscerais e letras confessionais. Com a participação dos músicos Giovani Gonçalves (baixo) e Bruno Silos (bateria) o duo tem excursionado por todo país tocando em shows de médio e grande porte, incluindo o Oxigênio Festival 2019 na qual os curitibanos dividiram palco com grades nomes do cenário brasileiro como CPM22, Franscisco El Hombre, Braza, Dead Fish e outros.


A discografia da banda atualmente conta com 1 álbum de estúdio, "O Fantástico Azul ao Longe" lançado em 2015, 1 álbum acústico, o "Viajante Session" lançado em 2018, 1 álbum ao vivo, "Ao Vivo No Teatro Sesi" lançado em março de 2020 e diversos singles independentes como "Carta Ao Sonhador", "Invisível", "Volúvel" e muitos outros lançados entre 2016 e 2019. O novo álbum da banda, "Caos" deve ter sua data de lançamento revelada em breve mas o primeiro single "Impulso" já tem lançamento confirmado para a próxima terça-feira, dia 02 de Junho.


Antes de qualquer coisa gostaríamos de dizer que estamos muito felizes e honrados pela oportunidade e gostaríamos de agradecer a confiança que a banda depositou em nós e também ao apoio de todos vocês!


Mas agora vamos ao que importa, esperamos que vocês gostem da entrevista!

Respondido por Caio Weber:


LIT: A Cefa começou oficialmente por volta de 2012 certo? Quais foram as maiores influências de vocês para solidificar um som próprio e autoral?

Caio Weber: Isso! Na verdade eu já havia tido umas duas outras bandas com esse mesmo nome entre 2009 e 2011, mas eu considero que essa Cefa "oficial" começou em 2012 quando convidei 3 amigos pra gravarem o que se tornou nosso primeiro EP.

Essa influência pra fazer som próprio foi muito mais instintiva do que racional. Por algum motivo, eu nunca tive o menor interesse em fazer covers, então, desde as minha primeiras bandas eu sempre compus nossas próprias músicas e com a Cefa não foi diferente. Acho que a necessidade interna de dizer algo foi a maior influencia.


LIT: A banda sempre teve composições muito profundas e pessoais, como podemos ver no single ”; (Ponto e Vírgula)”, como vocês esperam que esses “relatos” sejam passados para os ouvintes?

Caio: Como eu disse, todas as músicas surgem de uma necessidade de dizer algo. ";" é um relato sincero sobre o que aconteceu comigo em 2018, assim como todas as outras músicas são basicamente histórias da minha vida ou reflexões sobre um determinado ponto de vista. Claro que, além de um simples desabafo, com o passar dos anos eu entendi que havia uma responsabilidade em tudo que eu estava dizendo, principalmente se tratando de temas tão delicados e complexos como saúde mental, então existe sim uma preocupação em "resolver" cada canção para que elas sirvam de consolo pra quem possa passar por essas coisas.

LIT: A Cefa teve muitas mudanças em sua sonoridade desde que começou, como vocês definem a sonoridade atual da banda? Como acham que essas mudanças podem ter influenciado quem acompanha o trabalho da banda desde o começo e como tem sido a resposta do público em relação aos novos sons da banda?

Caio: É difícil rotular, mas eu diria que a sonoridade da banda hoje é o resultado de todas as experimentações que já fizemos, principalmente nesse novo álbum. Com relação a como isso influencia em quem acompanha nosso trabalho, eu acho sinceramente que o que nos "destaca" como banda nunca foi a sonoridade e sim as composições. Lógico que algumas pessoas podem preferir aquela primeira fase da banda, outros preferem a sonoridade do primeiro álbum, mas, quem realmente entendeu nosso trabalho não se importa tanto com a roupa que cada canção veste mas sim com o sentimento que as envolve. 


A resposta do publico com relação as nossas músicas sempre foi muito emocional e visceral, e isso tem se intensificado cada vez mais e sinceramente, é isso que eu espero de uma banda. Eu não quero que as pessoas sejam indiferentes ao nosso trabalho, eu quero que elas ou amem ou odeiem porque pra mim não tem nada mais frustrante do que ser um artista indiferente. 


LIT: Recentemente vocês anunciaram o álbum “Caos” e também o lançamento do single “Impulso”, como tem sido o processo criativo desse álbum? Quais são as expectativas para o lançamento do mesmo?

Caio: Mais fácil do que falar sobre esse processo seria mostrando ele, e foi o que a gente fez no documentário "Além de Todo Esse Caos" que tá disponível no nosso canal do youtube. O álbum foi gravado durante duas semanas de Janeiro em uma chácara, ficamos totalmente isolados lá produzindo e gravando e foi uma das experiencias mais incríveis da minha vida.


A expectativa é a de sempre: Alcançar pessoas. Muito mais do que um álbum, esse é o nosso manifesto. Talvez eu nunca tenha escrito coisas tão intensas e cruas como nesse disco e ele é o retrato perfeito de como enxergamos o mundo, então, a expectativa é que todas essas convicções possam alcançar o maior número de pessoas possível.


LIT: Como vocês definiram que o nome do álbum seria “Caos”?

Caio: O momento exato em que o nome surgiu aparece no doc, inclusive lá eu falo uma explicação bem crua sobre esse conceito, mas de forma geral, escolhemos esse nome porque ele representa exatamente o que esse álbum é, tanto sonoramente quanto liricamente: Um álbum caótico.

LIT: Em 2019 a banda se apresentou no Oxigênio Festival ao lado de bandas como Dead Fish, Big Up, Bayside Kings entre muitas outras. Como foi a experiência e como vocês se sentem com toda a visibilidade recebida?

Caio: Foi incrível na mesma proporção que frustrante. Foi incrível estar no mesmo camarim que músicos que nos influenciaram tanto e poder trocar ideia com esses caras. Tocar no mesmo dia do Dead Fish foi a realização de um sonho pessoal, essa é a banda que formou meu caráter e ver o Rodrigo escorado na parede na nossa passagem de som foi surreal.


Por outro lado, eu acho que nossas expectativas quanto ao show em si estavam muito acima do que deveriam. Não vou dizer que o show foi ruim, mas no dia a gente achou que havia sido e ficamos um pouco frustrados. Mas foi muito bom pra gente aprender a controlar melhor as expectativas, no próximo (chama nois haha) estaremos devidamente vacinados. 


LIT: Como a banda enxerga a cena local atualmente? Acham que falta alguma coisa para que a cena cresça? Como vocês acham que essa cena impacta a mídia e as pessoas?

Caio: Difícil falar de "cena" porque eu acho que esse conceito se diluiu muito. O que existe hoje são panelas, algumas poucas bandas que conseguem se articular juntas mas de forma geral aquela "cena" que existia nos anos 90 até o começo dos anos 2000 se tornou utopia. Por outro lado, a gente e várias outras bandas somos resultado disso. A gente aprendeu que é possível sobreviver em um circuito independente sem apoio de grandes mídias ou de uma gravadora. 


Difícil dizer alguma coisa que falta pra que esse cenário cresça porque são muitas coisas, eu acho sinceramente que nunca mais vai haver um boom do cenário alternativo como foi com o CPM22, Nx Zero, Fresno e afins, mas, a "cena" nunca vai morrer enquanto existirem bandas fazendo a correria pelo simples fato de sentirem no coração que precisam fazer o que fazem, e quando algo é feito com tanta verdade impacta vidas, independente de números.

LIT: Como acham que a pandemia do COVID-19 pode afetar a cena musical daqui pra frente?

Caio: Pra mim já afetou. Essa era das lives afeta diretamente as bandas com menor estrutura. Uma coisa é você fazer um show underground que, com qualquer amplificadorzinho e uma bateria caindo aos pedaços, o show acontece, porque a experiencia de ver uma banda tocando na sua frente, mesmo com um som horrível, é única.


Outra coisa é você fazer uma live, que, pra ter o mínimo de estrutura custa MUITO dinheiro.


Como é que você vai pegar uma banda de hardcore e fazer uma live voz e violão? Você precisa no MÍNIMO uma mesa bacana, alguém pra operar essa mesa, alguém pra fazer a filmagem, um link de transmissão bom, enfim, uma série de coisas que custam caro. Por outro lado, as lives nunca vão substituir os shows, pelo menos não pros artistas como nós, porque a experiencia do show continua sendo o ápice tanto pra banda quanto para o publico, agora, a grande questão é o tempo. Quanto maior for o tempo de recesso desses eventos, maior vai ser o dano causado em todo esse eco-sistema. 


LIT: Obrigado pela entrevista, tem algo que gostariam de dizer para todos os fãs da banda?

Caio: Obrigado pelo espaço! É muito bom saber que ainda existem pessoas doando seu tempo em prol da música independente, são essas pessoas que mantém tudo isso existindo e queria dizer pra galera que gosta do nosso trabalho que tá rolando uma vakinha online pro lançamento do novo álbum, então, quem puder contribuir e muito bem vindo!


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