Faltando menos de uma semana para estrear no Rock in Rio, os paulistas do Bullet Bane conversaram com a gente sobre as expectativas para o festival, sobre a produção do 4º álbum de estúdio da banda, sobre o Coletivo Rajada e muito mais!
Completando 10 anos de estrada, o Bullet Bane vive uma nova fase nas mais diversas transformações que já passaram na última década. Após o aclamado álbum "Continental", de 2017, a banda apresentou seu novo vocalista, Arthur Mutanen Tai, com o lançamento do single "Cura".
Em 2019 lançaram uma releitura acústica do álbum “Continental” com participações de outros artistas em todas as faixas, dentre eles Badauí, Phil Fargnolli (CPM22), Lucas Guerra (Pense), Cyro Sampaio (Menores Atos), Karen Dió (Violet Soda), Gabriel Zander (Zander) entre outros.
No momento os integrantes trabalham em singles e clipes pra sair no segundo semestres e no 4º álbum de estúdio, que sairá no início de 2020, também em português.
Mas agora vamos ao que importa, gostaríamos de dizer que estamos muito felizes e honrados pela oportunidade e gostaríamos de agradecer a confiança que a banda depositou em nós e também ao apoio de todos vocês. Esperamos que vocês gostem da entrevista!
Respondido por Renan Garcia (Baterista) e Danilo de Sousa (Guitarrista):
LIT: Como a Bullet Bane começou? Quais foram as maiores influências de vocês para solidificar um som próprio e autoral?
Renan Garcia: O primeiro trabalho é do ano de 2009, quando a banda ainda se chamava "Take Off The Halter". Eu poderia falar que surgiu por mil motivos, por influência de várias bandas, mas na real algumas coisas acontecem na vida.. Somos escolhidos, nem sempre escolhemos. Era pra ser assim. Quando a gente se deu conta, todos estavam de cabeça e vivendo intensamente a parada. E sobre as influências um pouco limitado eu citar alguns nomes, pois na real é muito mais amplo que isso.. Durante a convivência, durante cada tour, no nosso dia-a-dia escutamos e compartilhamos muita música, de diversos estilos. Isso sim é o que molda a sonoridade. A amizade e a comunicação que temos entre nós é a chave.
LIT: Qual foi a primeira experiência da banda nos palcos? Desde então, qual foi seu show favorito até agora e por quê? E qual é a sua música favorita para tocar ao vivo?
Renan: Eu entrei na banda no final de 2010, mas todos nós já tocava em bandas antes do "Take Off The Halter", então de certa forma foi um processo contínuo. Claro que daí em diante as proporções foram aumentando. Eu tenho alguns shows favoritos em mente, alguns bem pequenos, mas com uma atmosfera surreal, como já fizemos em Belém - PA, Fortaleza, algumas cidades de Santa Catarina e por aí vai... mas se eu tivesse que citar um especificamente seria o Rajada Fest 2018, que foi um show que fizemos tudo com parceria da In Dúbio Records que são nossos irmãos, e também as bandas que fazem parte desse coletivo, e fizemos desde bar, alimentação, funcionários, equipe pra registrar tudo em vídeo (só jogar no youtube por RAJADA FEST). Foi muito marcante pra todos que estavam lá.
LIT: Desde o lançamento do primeiro EP “We Took Off”, como Take Off The Halter, em 2009, qual foi a maior mudança na sonoridade da banda? Como tem sido a resposta do público em relação aos trabalhos mais recentes da banda? Como acham que essas mudanças podem ter influenciado a cena nacional e o público que acompanha a banda desde o começo?
Renan: Sempre tivemos essa característica de não se apegar a apenas uma fórmula.. TODOS os álbuns que lançamos foi diferente do anterior.. Esse "estranhamento" do público é algo que é recorrente, e muitos já entenderam isso e até gostam dessa liberdade que temos em criar o que a gente sente vontade. O "Impavid Colossus" muita gente torceu o nariz quando foi lançado em 2014, pelas mudanças e hoje em dia já falam muito bem sobre o álbum. Acredito ser um processo normal pra nós. A música é arte e consequentemente uma extensão de nós.
LIT: Recentemente a banda lançou o álbum “Continental Acústico”, que contou com diversas participações de artista como Bruno Figueiredo (Black Days), Gabriel Zander (Zander), Lucas Guerra (PENSE), Karen Dió (Violet Soda), Cyro Sampaio (menores atos) entre muitos outros, como surgiu a idéia de fazer um álbum com diversos convidados? Como vocês conciliaram cada artista com sua respectiva faixa?
Renan: Em vários momentos a gente pegava o violão e tocava alguns arranjos das músicas e sempre soava bem e o “Continental” foi um álbum que muitas idéias começaram através do violão, então resolvemos fazer esse projeto. Era algo que a gente tinha vontade de ter pra gente mesmo. É aquilo, "você é o que você constrói", e queremos ter esse registro desse momento dessa forma. Com a saída do Victor resolvemos chamar um amigo diferente pra gravar em cada faixa, dando um outro patamar pro álbum, se tornando um projeto ainda maior. Foi fácil dividir as músicas, pois alguns já escolheram as próprias faixas que seriam cantadas e outros foram conversados, mas foi muito simples. Todos participaram com muito carinho e somos grato por isso.
LIT: Como está o processo criativo para o 4º álbum de estúdio da banda? Como a entrada do Arthur na banda influenciou o processo criativo do álbum? O que podemos esperar?
Renan: O álbum já está praticamente finalizado. Foi sem dúvidas o álbum que mais produzimos em quantidade, fizemos 40 músicas pra gravar 10 pro álbum no Estúdio TOTH. Algumas a gente terminou a composição inteira, outras ficaram apenas alguns rascunhos e por aí vai.
O Arthur é muito talentoso e pró-ativo, sempre chega com ideias e puxa muito o barco pra frente. Sem dúvida foi um gás que todos nós recebemos muito bem e fez com que as coisas fluíssem de maneira excelente e podem esperar um álbum vivo, denso, caminhando por todas as vertentes que já percorremos, desde músicas rápida e fortas até músicas lentas e densas.
LIT: Como tem sido a resposta do público em relação aos novos singles “Cura” e “Cinza”?
Renan: Tem sido muito positivo. Desde que lançamos a "Cura" recebemos diversas mensagens de pessoas contando sobre situações difíceis que passaram ou estão passando e o quanto essa música ajudou a segurar a barra. Isso é algo que não tem preço que pague pra nós. É o momento em que realmente tudo faz sentido e tudo tem um propósito. A "Cinza" tocaremos ao vivo pela primeira vez no Rock in Rio desse ano, não tivemos um feedback dela ao vivo, mas desde que a música foi pro ar a repercussão foi excelente.
LIT: A banda já teve a oportunidade de tocar ao lado de bandas como NOFX, Millencolin, Circa Survive entre outras, além de já terem tocado em países como a Argentina, como foram essas experiências? Como vocês se sentem com toda essa visibilidade recebida, principalmente se tratando de shows com grandes bandas internacionais?
Renan: Sempre é legal tocar com bandas que tem essa relevância nesse meio e que de certa forma crescemos escutando. O Circa Survive em especial é a que eu mais gosto e os show foram bem legais e eles demonstraram bem o quanto gostaram de nós, tanto que na segunda vinda deles foi muito bacana o carinho que eles tiveram. A experiência da Argentina também foi marcante pelo fato da gente não ter ideia do que esperar e chegar num outro país e ser recebido tão bem, em todas as cidades que fomos.. Isso é algo que nos marcou muito.
LIT: Recentemente a Bullet Bane foi anunciada como uma das atrações do Palco Supernova, do Rock in Rio 2019, ao lado de bandas como a Ponto Nulo no Céu e Vivendo do Ócio, como vocês se sentem com essa oportunidade? Como estão as expectativas para o show?
Renan: O convite pra tocar no Rock in Rio chegou pra gente através de uma ligação da Sony Music e com certeza é um marco. Tocar no maior festival que tem é algo muito importante pra nós. Sabemos que isso trás uma visibilidade e destaque, mas sabem acima disso que agora é o momento em que mais devemos trabalhar pra crescer. Quanto maior a exposição maior a responsabilidade e a vontade de produzir mais e melhor. Temos 10 anos de banda, mas sabemos que ainda estamos no começo da trajetória e tem muito chão pela frente.
Um detalhe importante de tudo é ver que estão de olho pra essa nossa geração de bandas, pois além de muitas bandas boas que estarão no Palco Supernova, algumas são de amigos próximos, por exemplo o Menores Atos e o Ponto Nulo no Céu (que também faz parte do Coletivo Rajada, que também conta com o Black Days, Bayside Kings e Manual).
LIT: Como surgiu o Coletivo Rajada? Como vocês esperam que o Coletivo e tudo que tem sido feito nele influenciem a cena local?
Renan: Durante todo esse trajeto como banda, nós fomos conhecendo diversas pessoas e algumas foram fazendo mais parte do nosso ciclo de amizade. Nesses 10 anos de estrada o Bullet já fez diversos shows junto com o Pense, com o Bayside Kings e durante esses shows sempre comentamos em fazer algo do tipo. E com o tempo surgiu o Black Days, o Manual que são grandes amigos, e a vida nos aproximou muito do Ponto Nulo no Céu também. Bandas que gostamos demais dentro e fora dos palcos. Muitas ideias em comum, e uma delas era vencer um pouco essa limitação que as redes sociais fazem não não divulgar as postagens pra todos os seguidores e com isso amplificar as novidades de cada banda trabalhando em conjunto, e uma vez ao ano fazer um festival com todas as bandas numa espécie de "festa da firma".
Fizemos o primeiro Rajada Fest em dezembro de 2018 em São Paulo com a parceria com a In Dúbio Records e foi um show marcante pra todos nós. No começo de 2019 o Pense resolveu não fazer mais parte do coletivo por alguns motivos próprios. Pra quem não foi no evento, é só seguir o canal Coletivo Rajada no youtube e @coletivo_rajada no Instagram pra acompanhar os vídeos e as novidades das bandas.
O Rajada Fest 2019 acontece dia 08 de Dezembro, no Fabrique Club em São Paulo.
E sobre a influência dele na cena local, eu acredito que seja uma forma de mostrar que amigos podem se unir pra se divulgar e dividir experiências. Óbvio que todas as bandas do coletivo sempre tocam com outras bandas durante o ano todo, e com isso as outras bandas do coletivo também ajudam na divulgação dos outros shows, o festival é apenas uma data no ano que juntamos todos. É uma forma que encontramos de tentar quebrar um pouco os algoritmos de divulgação online e amplificar mais o conteúdo pro maior número de pessoas de forma mais orgânica.
LIT: Em 2018 a banda lançou o single “Antídoto” em parceria com a Black Days, graças ao Coletivo Rajada, como surgiu a idéia de produzir a faixa? Podemos esperar mais parcerias como essa entre as bandas do Coletivo?
Renan: A ideia surgiu da mesma forma que o coletivo, de forma natural e muito por causa da amizade fora dos palcos. Fizemos a música de forma bem prática e em pouco tempo, senão nunca sai do papel. Com certeza temos mais parcerias assim por vir.
LIT:Como a banda enxerga a cena local atualmente? Como vocês acham que essa cena impacta a mídia e as pessoas?
Renan: Durante esses anos tocando bastante pelo Brasil todo, nós sempre escutamos a galera comentar que a "cena hoje em dia é isso", "que a cena hoje em dia é aquilo", "que antigamente era melhor", "que não tem mais visibilidade"... Sim, eu realmente acredito que anos atrás teve uma visibilidade maior em alguns aspectos, mas isso não significa que o rock nacional morreu ou algo do tipo. As vezes é preciso dar um passo pra trás pra caminhar dois pra frente, e sinto que estamos nesse momento de caminhar pra frente já. As bandas trabalhando bem, se preocupando em fazer um material de qualidade vai abrir portas por si só, e quanto mais bandas fizerem isso e se unirem, maior será essa visibilidade. Tempo ao tempo e bastante suor durante o percurso é o caminho.
LIT: Os guitarristas da banda Dan e Fernando produzem muitas bandas da cena no Estúdio TOTH, como vocês começaram com a produção musical e como surgiu o estúdio?
Danilo de Sousa: Desde que começamos a banda em 2009 já pré produzíamos nossas músicas em um esquema bem simples na casa do Fernando. A gente sempre sonhava em ter um estúdio e viver de música. O estúdio surgiu em 2012 quando Eu (Danilo) me mudei pra Guarulhos e larguei meu trabalho de TI na av Paulista, Fernando também trabalhava com Telecom na época e também largou o trabalho, de lá pra cá foram anos e anos para evoluir e chegar no ponto que estamos hoje.
Ficamos muito honrados em poder trabalhar com a maioria das bandas da cena underground do Brasil e tentar elevar a sonoridade da nossa turma, pois hoje em dia o ouvinte está muito exigente e facilmente vai comparar seu trabalho com alguma mega banda mundialmente conhecida, e precisamos alcançar esse nível mesmo tendo diversas limitações.
LIT: Além de produzir sons, o Estúdio TOTH também é a casa do Brutal Session, projeto em parceria com a Brutal Kill que já contou com as bandas Black Days, Far From Alaska e menores atos em live sessions tocando seus sons e falando um pouco sobre as suas respectivas história, como surgiu a idéia para a parceria?
Danilo: A ideia já existe a aproximadamente uns 3 anos, O Bullet Bane é parceiro da Brutal Kill praticamente desde quando a marca começou e nós sempre mantivemos uma relação boa e próxima do pessoal.
Finalmente esse ano conseguimos tirar o projeto do papel e a repercussão está sendo legal demais! O Murilo Amancio e Joao Bonafé que cuidam da parte visual e nós fazemos todo o áudio do programa.
Hoje em dia a gente precisa trabalhar os dois universos, tem pessoas que jamais irão conseguir ir em um show da sua banda por morar em algum lugar de difícil acesso, o live sessions é importante pra chegar também nesse tipo de público e instigar a galera pra colar mais ainda nos shows.
A entrevista que rola com as bandas é basicamente falando da correria que é ter uma banda hoje em dia no Brasil, muitos pensam q todos são artistas e tem a vida boa,mas na verdade a maioria tem que fazer acontecer e conciliar mil coisas pra isso rolar.
LIT: Marcas como a Brutal Kill têm apoiado diversas bandas e eventos do underground nacional, como vocês acham que marcas assim movimentam e influenciam a cena nacional?
Renan: A Brutal Kill é parceira desde o começo, tanto da marca quanto da banda. É ótimo ver marcas acreditando no potencial das bandas, incentivando e trabalhando juntos em projetos. A Brutal em especial é uma marca que começou bem dentro dessa cena e tem uma identificação grande com tudo isso.
LIT: Obrigado pela entrevista, tem algo que vocês querem dizer pra toda a galera que acompanha o trabalho de vocês?
Renan: Muito obrigado pelo espaço e atenção que vocês tiveram com o Bullet, e são pessoas igual vocês que movimentam, levam informações e conteúdo pra quem acompanha. Isso é importantíssimo pra todos crescerem. E esse é o recado pra galera em geral... entenda que tudo é interligado, tudo tem uma conexão.. a banda não é apenas música, e sim a troca de energias com o público. Todo show é composto por dois lados e é isso que nenhuma rede social vai substituir. A vibração de estar em um show, com pessoas do teu lado, a banda tocando, a iluminação, todo ambiente em si é algo que precisa ser vivido. Não existe celular ou simulador que possa te transmitir isso com o mesmo efeito. Dê valor e participe disso, seja como banda, público, fotógrafo, técnico de som, de luz, roadie, produção, vídeos... como quiser. Só vai!!!
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